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O poder do espelho preto

  • giuliaghigonetto
  • 17 de nov. de 2016
  • 3 min de leitura

Acho que estou um pouco atrasada para falar sobre a nova temporada de Black Mirror, disponível no Netflix, mas tenho uma ótima desculpa para isso: só consegui acabar os episódios agora!

Quem me conhece sabe que eu "engulo" temporadas, sou daquelas que acabou Strange Things em dois dias, Sense8 em três e matou cinco temporadas de Gilmore Girls em uma semana e meia, mas foi diferente com Black Mirror.

O motivo não foi a pouca afinidade com a série, até porque eu adorei! Mas cada episódio exige muito mentalmente do espectador. São temas fortes, que estão ligados diretamente e indiretamente com a gente. Resumindo, é perturbador!

Eu não sei vocês, mas depois do episódio "Nosedive" (o primeiro da terceira temporada), encarei meu celular por alguns minutos e pensei duas vezes antes de entrar no Facebook ou no Instagram para curtir postagens e fotos.

Para quem não assistiu ainda, no episódio estrelado por Bryce Dallas Howard (alguns lembram dela substituindo a vampira ruíva de Crepúsculo no terceiro filme da saga), a protagonista é obcecada pela pontuação que as outras pessoas lhe atribuem por meio de um aparelho como um smartphone. Os que mantêm notas altas têm privilégios como filas especiais, salas VIP, descontos no aluguel e são rodeados de amigos. Notas baixas, no entanto, afastam oportunidades e pessoas.

O episódio não assusta por estar carregado de suspense como em "Playtest" (na verdade, com a fotografia focada em uma paleta de cores pastéis, tudo parece ser inofensivo e muito feliz!). O que assusta é que, apesar de se passar numa realidade futurista, nós identificamos demais com aquilo.

Quem é que posta uma foto em que não está feliz? Quem não curte posts e fotos das pessoas falando sobre suas conquistas? Cadê as publicações sobre nossas derrotas? Quem não dá uma nota para seu taxista do 99Taxi ou avalia o motorista do Uber? E quem não recebe nota deles em troca?

Isso fez lembrar de uma notícia de algumas semanas atrás: o russo Boris Bork costumava ostentar no Instagram seus carros de luxo, comia em restaurantes premiados e tinha seu próprio helicóptero. Parecia ter a vida que todo mundo sonhava. Só que Boris não era real!

Tudo era um experimento de dois amigos que queriam provar que não é preciso ter muito dinheiro para criar um personagem que viralize na internet. O consultor de marketing Roman Zaripov, de 23 anos, disse em entrevista para a BBC, que a ideia surgiu depois de ler um artigo sobre o preço para criar uma estrela das redes sociais.

As fotos mostravam um estilo de vida cheio de luxos que corresponderia ao de uma pessoa com uma conta corrente BEM cheia. Mas tudo não passava de um experimento social.

E deu certo? Com certeza! Enganaram 18 mil seguidores!!

Isso me lembrou a protagonista "fabricando" a foto do café com biscoito, e acho que tem tudo haver com ela e com todos nós... Afinal, tem muita coisa por trás de uma foto que nem imaginamos.

Normalmente esse é o tipo de episódio que eu mais gosto na série, aqueles que são mais próximos de nós. Mas, nessa temporada, meu preferido foi "San Junipero". Não vou contar sobre o que é. Nem é para não dar spoiler, mas porque acredito que faz parte da proposta ir descobrindo aos poucos sobre do que se trata. Sendo o quarto episódio da temporada, ele é mais leve do que os anteriores e nos da um respiro depois de três tramas perturbadoras. Além de que a caracterização dos personagens é muito legal!

Se você não assistiu nenhum episódio de Black Mirror, super recomendo! E já aviso... se preparem!

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Bem vindo ao Claquete!! Estudante de jornalismo...

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